Diversidade e inclusão são fundamentais para o futuro da restauração ecológica

No primeiro dia da SOBRE2024, plenaristas destacam a importância de uma restauração mais diversa

31 de dezembro de 1969

O que esperar do futuro da restauração ecológica?
As possíveis respostas a essa pergunta nortearam o debate da plenária “A Restauração Ecológica no Brasil: Passado, Presente e Futuro”, que abriu a V Conferência Brasileira de Restauração Ecológica (SOBRE2024). Participaram José Marcelo Torezan (Universidade Estadual de Londrina/UEL), Vera Lex Engel (Universidade Estadual Paulista/Unesp), José Felipe Ribeiro (Embrapa Cerrados) e Luiz Fernando Duarte de Moraes (Embrapa Agrobiologia), sob mediação de Maria Otávia Crepaldi, presidente da SOBRE, pesquisadora do IPÊ e consultora na Palladium. O consenso foi claro: diversidade e inclusão são essenciais para garantir o futuro da conservação.

O tema da Conferência, “SOBRE +10: O Futuro da Restauração”, celebra os 10 anos da SOBRE e a Década da Restauração de Ecossistemas, promulgada pela ONU.

O evento, promovido a cada dois anos pela Sociedade Brasileira de Restauração Ecológica (SOBRE), nesta edição ocorre em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), com apoio do Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental (NEMA) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF).

Marcelo Torezan, um dos fundadores da SOBRE, iniciou a plenária com uma provocação: os movimentos de restauração ecológica são desejáveis ou justificam a degradação? Para ele, a resposta está na busca por motivações idealistas, pautadas pelo retorno à natureza de forma inclusiva e diversa. “A SOBRE é um exemplo de que isso é possível por meio do entrelaçamento entre ciência e prática, com inclusão e diversidade”, analisou.

A professora Vera Lex Engel, primeira diretora mulher da SOBRE, destacou a negligência da ciência no debate sobre restauração ecológica, especialmente quanto às novas tecnologias, como impulsores genéticos e colonizações assistidas. “Há limites de degradação que não podem ser ultrapassados. O mundo quer restaurar 1 bilhão de hectares e 30% das áreas degradadas até 2030, mas será que a década da restauração é a nova corrida do ouro? É hora de parar, pensar e respirar sobre o que estamos fazendo”, alertou.

Luiz Fernando Duarte de Moraes apresentou dados sobre investimentos em pesquisa em restauração ecológica no Brasil, destacando a necessidade de fomentar essa área. “De 2005 a 2024, foram aplicados R$ 32 bilhões em pesquisa no Brasil, mas apenas uma pequena parcela foi destinada à ecologia. Precisamos qualificar as ações de monitoramento em restauração ecológica para obter mais subsídios de estudos sobre o tema”, afirmou.

José Felipe Ribeiro encerrou as palestras destacando a importância da extensão rural para ampliar as ações de restauração. “Temos que aproveitar o financiamento disponível para quem vai fazer a recomposição na propriedade rural”, sugeriu.


Abertura oficial da SOBRE2024


Na cerimônia de abertura oficial, Maria Otávia Silva Crepaldi, presidente da SOBRE, resgatou a história da Sociedade - que hoje conta com mais de 600 associados - e destacou o papel fundamental de incentivar a inclusão, a diversidade e a representatividade, valorizando os saberes de agricultores familiares, comunidades quilombolas e povos indígenas.

Renato Garcia Rodrigues, presidente da SOBRE2024, ressaltou a importância da Univasf, que sedia o evento. “É uma universidade federal de apenas 20 anos que já transformou a vida de milhares de pessoas, levando educação pública a jovens sertanejos e ajudando o Brasil a conhecer a Caatinga”, disse.

O reitor da Univasf, Telio Nobre Leite, reforçou a importância de interiorizar a educação pública federal, “aproximando distâncias e melhorando a vida dos sertanejos e sertanejas”.

Também participaram da mesa de abertura da SOBRE2024 o analista sênior do BNDES, Daniel Rossi Soeiro, o coordenador de programas ambientais do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, Davi Tadeu Borges Marwell, e a gerente do Programa de Florestas, Uso da Terra e Agricultura do WRI Brasil, Mariana Oliveira, representando a União pela Restauração, composta por CI Brasil, TNC Brasil, WRI Brasil e WWF Brasil.


Encontros dos movimentos de restauração


A manhã do primeiro dia da SOBRE2024 foi dedicada aos encontros dos movimentos de restauração ecológica: Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, Aliança pela Restauração da Amazônia, Rede Sul de Restauração Ecológica, Araticum - Articulação pela Restauração do Cerrado, Rede para Restauração da Caatinga, Pacto pela Restauração do Pantanal, I Encontro Indígena de Restauração Ecológica e Nativas Brasil.

Dois desses encontros estrearam na Conferência. Pela primeira vez, o evento recebeu o Encontro Indígena de Restauração Ecológica, promovendo a troca de experiências sobre temas como plantio e coleta de sementes, produção de mudas e iniciativas de agrofloresta e agroecologia. “Estamos honrados por receber o encontro e esperamos que haja avanços em direção a uma agenda de restauração ecológica mais diversa”, afirmou Maria Otávia Crepaldi, presidente da SOBRE. Renato Garcia Rodrigues, do NEMA/UNIVASF e presidente da SOBRE2024, complementou: “É uma honra receber o Encontro na universidade, que é pública e feita para o povo. Somos todos pesquisadores e cientistas”, destacou.


Rede Sul: novo capítulo da SOBRE


A tragédia climática no Rio Grande do Sul coincidiu com a visibilidade da Rede Sul, que se tornou um capítulo da SOBRE e participa pela primeira vez da Conferência com esse status. “Alguns debates que tentamos provocar com o governo do estado do Rio Grande do Sul e a sociedade gaúcha ganharam destaque após os eventos de maio de 2024. Gostaríamos que não fosse necessária uma tragédia para valorizar a restauração. Ser um capítulo da SOBRE nos fortalece para conscientizar a sociedade sobre as ações que precisam ser contempladas nos planos de reconstrução”, destacou Ana Paula Moreira Rovedder, coordenadora da Rede Sul.

A SOBRE2024 acontece de 8 a 12 de julho em Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) e conta com o patrocínio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).




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