SER2023

Conhecimentos dos povos indígenas e das comunidades locais sobre restauração ecológica foram celebrados e valorizados no evento
 
A conexão entre pessoas e natureza foi o centro dos debates da SER2023, a 10ª Conferência Mundial sobre Restauração Ecológica. Não à toa, o evento focou no tema “Natureza e Pessoas como Um: Celebrando e Restaurando a Conexão”.
 
Diante das alterações climáticas, da perda de biodiversidade e da degradação ecológica em diferentes regiões do planeta, os debates da SER2023 destacaram que a pauta da restauração ecológica se torna cada vez mais fundamental para a recuperação da integridade ecológica, da biodiversidade e da saúde e bem-estar humanos.
 
Recebidos pelo povo Larrakia em Darwin, na Austrália, os mais de mil participantes vindos de 80 países reuniram-se como uma comunidade global para reforçar a proposta de restauração ecológica como um mecanismo para restabelecer uma conexão saudável e equilibrada, enfatizando a necessidade urgente de ampliar padrões eficazes de programas de restauração em todo o mundo.

Os delegados presentes expressaram um desejo crescente de partilhar conhecimentos e inovações em apoio às ambições da Década das Nações Unidas para a Restauração de Ecossistemas. Em resumo, as metas envolvem restaurar milhões de hectares de terras degradadas em todo o mundo, com compromissos semelhantes encorajados para áreas marinhas e costeiras.As falas dos participantes da SER2023 destacaram a necessidade de aproveitar a oportunidade da Década  da ONU, reconectando as pessoas e a natureza. Dessa forma, será possível proporcionar a restauração à escala global para garantir um planeta saudável e habitável para as gerações atuais e futuras. Por isso,  os delegados se comprometeram a permitir, ampliar e apoiar a restauração por meio de:
 
●      Reconhecer e garantir os direitos dos Povos Indígenas, das comunidades locais e das pessoas sub-representadas às suas terras, territórios, conhecimentos e recursos, elevando a sua liderança e papéis como agentes de mudança em todas as fases da restauração.
●      Inspirar toda a sociedade a abraçar a restauração ecológica como uma prioridade para reduzir riscos e apoiar na reconstrução de desastres climáticos, fortalecendo a resiliência da comunidade, restaurando a saúde e o bem-estar e recuperando serviços ecossistêmicos vitais.
●      Incentivar os governos a realinhar as políticas e o financiamento para apoiar proativamente a restauração ecológica inclusiva e participativa.
Incitar a comunidade empresarial global a retribuir mais do que recebe em todas as suas cadeias de valor, não apenas reduzindo os impactos negativos, mas investindo na restauração de ecossistemas degradados para apoiar a sustentabilidade empresarial a longo prazo.

Falas plurais com foco na restauração ecológica

As comunidades indígenas gerenciam ou têm direitos de posse sobre cerca de 85% das áreas globais propostas para a proteção da biodiversidade. O dado, divulgado por Marina Best no último dia do SER2023,  reforça a importância de envolver os povos originários em uma proposta sustentável de restauração ecológica.
 
Ela, que também é Gerente de Relações Indígenas dos programas de Parques Urbanos Nacionais e Corredores Ecológicos da Parks Canada, apresentou um plano eficaz para projetos de restauração em grande escala liderados por indígenas.
 
“Criar mais oportunidades para os povos indígenas e comunidades locais liderarem projetos de restauração e conservação em suas terras tradicionais é essencial para o sucesso. Na prática, isto significa garantir que os projetos sejam localmente relevantes, baseados numa linguagem clara e alinhada com as culturas locais, baseados em relações e redes fortes, e que ofereçam acesso a recursos,como formação.”
 
“Para ampliar eficazmente a restauração ecológica, esta deve ser apoiada por objetivos claros, dados os prováveis ​​compromissos entre os resultados ambientais desejados e os impactos na produção e nos meios de subsistência”, disse Fangyuan Huan, Ecologista de Conservação da Universidade de Pequim, China. “É por isso que devemos ter uma visão holística, numa escala espacial que tenha em conta os impactos nas paisagens e nos países vizinhos e contar com uma ampla colaboração. Na China, assistimos a uma mudança vital na última década, à medida que o Governo reconhece cada vez mais a importância, nas suas políticas, de liderar a regeneração natural. Isso veio como resultado de anos de educação da comunidade científica.”
 
“Temos uma visão para ampliar a restauração de ecossistemas para provocar mudanças transformacionais”, disse Gopal Patel, copresidente do Conselho Consultivo para a Década da ONU sobre Restauração de Ecossistemas. “Mas isso só pode ser feito se trabalharmos juntos. Isto significa toda a sociedade: governos, cientistas, empresas, grupos religiosos, povos indígenas e comunidades locais, partilhando conhecimentos e ideias, impulsionando mudanças políticas e canalizando investimentos para projetos grandes e pequenos. Esta década é crucial, mas o trabalho não para aí. Muito simplesmente, a restauração é um investimento no futuro do nosso planeta e nas gerações futuras que não podemos deixar de fazer.”

SER2025 será em Denver

No final da 10ª Conferência Mundial sobre Restauração Ecológica, a Sociedade para Restauração Ecológica  anunciou que a 11ª Conferência Mundial, SER2025, acontecerá em Denver, Colorado.
 
A SER2025 está programada para ocorrer em Denver, de 25 de setembro a 4 de outubro de 2025, no coração do Colorado, EUA. Este evento marca a primeira conferência norte-americana desde a 5ª Conferência Mundial da SER, realizada em Madison, Wisconsin, em 2013. Denver é conhecida por seus diversos ecossistemas e rico patrimônio natural.

Sobre a Sociedade para Restauração Ecológica

A Sociedade para a Restauração Ecológica (SER) promove a ciência, a prática e a política de restauração ecológica para sustentar a biodiversidade, melhorar a resiliência num clima em mudança e restabelecer uma relação ecologicamente saudável entre a natureza e a cultura. Sendo uma organização internacional sem fins lucrativos com mais de 5 mil membros em mais de 110 países, promove ativamente abordagens de restauração participativas e baseadas no conhecimento