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Curso de Formação Inicial e Aplicada em Restauração de Ecossistemas realiza primeiro módulo em campo na Serra da Jiboia

Diretora da SOBRE Alessandra Nasser Caiafa conduziu os estudantes por três “Estações Diagnóstico” nos dias 10 e 11 de maio

21 de maio de 2024

O curso de Formação Inicial e Aplicada em Restauração de Ecossistemas do Programa de Formação em Meio Ambiente e Recursos Hídricos (FORMAR) realizou uma capacitação em campo nos dias 10 e 11 de maio.O curso de Formação Inicial e Aplicada em Restauração de Ecossistemas do Programa de Formação em Meio Ambiente e Recursos Hídricos (FORMAR) realizou uma capacitação em campo nos dias 10 e 11 de maio. O projeto, que é uma parceria entre a Sociedade Brasileira de Restauração Ecológica (SOBRE), Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema) e WWF-Brasil, é gerido pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente da Bahia (Sema).

No contexto do Plano de Ação Territorial (PAT) para a conservação de espécies ameaçadas na Chapada Diamantina e Serra da Jiboia, o curso contou com 11 módulos teóricos online realizados pela plataforma do FORMAR entre outubro de 2023 e abril de 2024 e teve sua primeira aula prática em três regiões da Serra da Jiboia, na Bahia.

A aula de campo envolveu a aplicação direta do diagnóstico da área a ser restaurada, das práticas de restauração e o seu monitoramento em áreas de extrema importância ambiental e com significativo risco de extinção para 27 espécies críticas. Os participantes, capacitados e orientados por especialistas da SOBRE, tiveram a oportunidade de conhecer de perto os desafios enfrentados na conservação e restauração de habitats naturais.

A diretora da SOBRE Alessandra Nasser Caiafa conduziu este primeiro módulo de campo na Serra da Jiboia. “É o último maciço serrano que a gente tem bem conservado do recôncavo baiano”, destaca a professora, citando que a aula preparatória para as visitas de campo ocorreu na Escola Vicente José de Lima, na cidade de Castro Alves.

“Esse primeiro momento teve como conteúdo as boas-vindas aos participantes e uma fala relacionada à restauração como aliada da conservação de espécies ameaçadas. Aprendemos a coletar informações das estações a serem visitadas, a partir do uso de plataformas de informação ambiental”, comenta Alessandra.

A aula seguiu com o grupo debatendo sobre a importância das fichas de campo e dos pontos de atenção na paisagem e in loco da área a ser restaurada. “O segundo dia foi preparado a partir de uma metodologia que chamamos de ‘Estações Diagnóstico’. A gente não quer ensinar ninguém a plantar muda e sim ensinar as pessoas a compreenderem o que é a restauração em si”, diz a professora, que guiou os estudantes por áreas distribuídas nos municípios de Castro Alves, Varzedo e Elísio Medrado.

Segundo ela, na Estação Diagnóstico 1, localizada dentro de um complexo de fazendas de um produtor local de Castro Alves, os participantes estudaram uma área a ser restaurada. “Ao olhar ao redor, identificamos os fatores de degradação atuantes e potenciais e diagnosticamos, também, o potencial de regeneração natural da área.”

“Eu fiz vários questionamentos enquanto o grupo atravessava essa paisagem para que os alunos opinassem sobre qual planejamento de restauração poderia ser feito ali, sempre reforçando aos estudantes que o primeiro passo é definir o objetivo da restauração”, conta Alessandra.

Segundo ela, depois de compreender o objetivo da restauração, os alunos realizaram um diagnóstico mais amplo da paisagem: “Que formação vegetacional tem ali, se tem fragmentos próximos etc. e depois a gente parte para um olhar in loco, em escala local, avaliando fatores de perturbação e o potencial da regeneração natural”, descreve a professora.

Na Estação Diagnóstico 2, o grupo visitou uma área de outro produtor local, em Varzedo, que recebeu uma ação de restauração com espécies nativas da Mata Atlântica há cerca de 20 anos. “Fomos acompanhados pelo Clóvis Nascimento, parabotânico mateiro do Grupo Ambientalista da Bahia (GAMBÁ), que esteve na implantação desta restauração, e, juntos, avaliamos os efeitos da restauração no local”, comenta Alessandra.

Durante esta prática, o grupo debateu sobre a situação da área antes da restauração, como a ação foi implementada e o resultado atual. “Descobrimos que a água que tinha sumido retornou após a ação de restauração e elencamos quais espécies foram plantadas e como foram plantadas, para observar se a restauração tinha sido bem sucedida.”

De acordo com a professora, “a área restaurada contém um grande acúmulo de serapilheira, um grande banco de plântulas de diversas espécies, inclusive espécies que não foram plantadas, indicando que a fauna está voltando ao local, que são indicativos de quando a restauração dá certo”.

“A área perde aquele alinhamento típico de plantio e vemos uma amplitude diamétrica importante no local. As plântulas, uma floresta estruturada, já tendendo a ter de 2 para 3 estratos arbóreos, espécies de outras formas de vida que habitam o sub-bosque, como arbustos e epífitos, e até mesmo holoparasitas estavam chegando na região, indicando que ela estava cumprindo com alguns dos seus serviços ecossistêmicos perdidos quando ela era só uma pastagem”, explica Alessandra.

“Quando chegamos aqui, encontramos só a Brachiaria, não tinha nada de planta aqui. E aí a gente teve todo o processo de vir aqui mapear a área, covear e plantar as mudas. E hoje vocês podem perceber como é que já está esse fragmento aqui, está lindo. Diversas espécies da fauna local a gente já encontrou por aqui, além de pássaros que dispersam sementes, um indicativo de que aqui já tem bastante regeneração natural. Ver tudo isso dá bastante prazer para a gente, porque fizemos e deu certo”, complementa Clóvis Nascimento.

Na Estação Diagnóstica 3, o grupo visitou a Serra da Penha, um conjunto de inselbergs no município de Santa Terezinha, onde os alunos verificaram uma região ecotonal entre Caatinga e Mata Atlântica. “É uma região fortemente impactada pela invasão biológica da Algaroba, Prosopis juliflora, e do Sisal, Agave sisalana. E ali a gente discutiu alguns aspectos de como o combate à invasão biológica é uma medida de restauração de ecossistemas”, informa a professora.

Nesta etapa da prática, os estudantes debateram os mecanismos de ocupação de invasoras biológicas, o que fazer com a Algaroba, se é melhor um solo nu ou coberto por esta espécie, e a responsabilidade para com as culturas que são implantadas em determinadas regiões e depois abandonadas.

“O sisal, inicialmente, não se achava que era uma invasora biológica muito importante, mas a forma com que ela tem ocupado algumas regiões das nossas caatingas no Recôncavo, especialmente ao redor da Serra da Jiboia, já fragilizada, temo nos preocupado o”, declara Alessandra.







50 horas de aulas online


Ao final do primeiro módulo em campo do curso de Formação Inicial e Aplicada em Restauração de Ecossistemas, as impressões da diretora da SOBRE foram as melhores possíveis. “Os estudantes receberam quase 50 horas de aulas onlines, gravadas e ao vivo, dialogadas com os professores. Foram muitos professores renomados do Brasil inteiro.”

“A gente discutiu desde a compreensão dos ecossistemas de referência, passando pelos princípios da Década da Restauração. Debatemos metodologias, legislação, sistemas agroflorestais e outros mecanismos ou arranjos de restauração produtiva e finalizamos exitosamente com esses módulos de campo”, avalia Alessandra.

Ela avisa que o próximo módulo em campo acontecerá em junho, na Chapada Diamantina. “A gente espera atingir o nosso maior objetivo que é incutir nos nossos participantes o perfeito entendimento do objetivo da restauração e as importantes ações de monitoramento, buscando a percepção do retorno de alguns processos ecológicos, consequentemente, serviços ecossistêmicos”, finaliza a diretora da SOBRE.




SOBRE e Inema: parceria produtiva


O especialista em meio ambiente e recursos hídricos da Diretoria de Educação Ambiental para a Sustentabilidade (DIEAS/Sema), Ciro Florence, espera que o curso promova ações de restauração de ecossistemas no território da Chapada Diamantina e na Serra da Jiboia.

“A gente primeiro entende a proposta de elaboração do projeto de restauração, depois visualizamos, junto a esse módulo de campo, o ambiente e a paisagem, para pensar o diagnóstico necessário para essa proposta e também os critérios de monitoramento, as ações que seriam necessárias para restaurar esse ambiente.”

Para ele, a parceria Inema, SOBRE e Sema é muito produtiva: “Tivemos durante todo esse período virtual, e também agora no presencial, um curso bem qualificado, com aulas de excelência, de professores convidados, promotor público, professores universitários e um público bem abrangente que tem participado desse curso, além de servidores dos órgãos ambientais, professores, estudantes, produtores rurais e sociedade civil”, opina Ciro Florence, que acompanhou a aula prática representando a Sema.

“A gente sai desse curso enquanto Sociedade Brasileira de Restauração Ecológica muito feliz e espera que todos profissionais e estudantes aqui capacitados possam aplicar no seu dia a dia as boas práticas de restauração de ecossistemas. Também esperamos que possamos sair daqui pessoas melhores, porque o principal objetivo da restauração é restaurar ecossistemas, mas também restaurar corações e mentes”, reforça Alessandra Nasser Caiafa, da SOBRE.







Diagnóstico do potencial de regeneração natural


Para a aluna Andressa Assunção, os conhecimentos adquiridos e as experiências compartilhadas durante a formação contribuíram para os programas de regularização ambiental e de recuperação de áreas degradadas que são analisados junto aos processos de licenciamento.

“Aprendemos a diagnosticar as áreas em recuperação, em processo de regeneração natural, porque muitas vezes não é preciso a implantação de mudas, um processo mais barato, e a gente viu tanto como fazer a condução da regeneração natural, como enxergar um fragmento que está em regeneração há 40 anos, e ver como a natureza consegue expressar ali toda a sua diversidade”, diz Andressa, técnica em licenciamento da Coordenação de Agrosilvopastoris (COASP/Inema).






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